domingo, 13 de junho de 2010

O põe.tu.de.parto.ida

Começando com grande atraso meu diário de bordo da disciplina Trajetórias do Ser ministrada pela ilustrissíma professora Wlad Lima. Não vou aqui justificar meu atraso nem nada, por que não acredito muito em justificativas, só na minha incompetência mesmo. Isso faz parte dos dragões diários que enfrento. Minha incompetência é um grande dragão, que ás vezes acaricio com a luva macia e fina da preguiça. Minha preguiça não é de vadiagem, mas mais de cansaço.Vivo teatro o dia inteiro, desde ás 8:00 da manhã ás 23:00 da noite, três turnos divididos entre estágio de arte-educador, curso técnico de formação de ator e a lindíssima faculdade de teatro da qual sou aluno orgulhoso. São muitos trabalhos e muitos textos pra ler, fora os seminários, me deixam louco mesmo, fico zé doidin minhas noites lutando contra o sono. Escrever pra mim, requer tempo e prazer e por isso não escrevi logo apos ás aulas como deveria. Sou menino Caetano, tudo comigo tem que ter prazer, mesmo acreditando na tristeza de isso ser impossível no tempo integral da vida, mas até na tristeza procuro ter prazer, se choro é por que quero e me sinto bem chorando.


Vejam só, já me justiquei todo ai, as coisas não sairam como planejei.
Esses textos que escreverei não são compostos como textos e sim como pensamentos que mutam e se destroem para construir algo que não sei ainda, mas essa talvez seja só a trajetória do meu ser.



destruir pra depois construir, multilar, recortar, colar pensamentos, opor eles, e o resultado já não é o que voce queria no começo, isso é a evolução, que não pode ser só construtora, mas para que haja, é preciso sacrifício, como Jesus na cruz. Isso me lembra a faculdade de engenharia civil. A faculdade de engenharia civil sempre me lembra Lego, e eu adoro Lego.

música do lobão, uma delicada forma de calor




ok, foco no primeiro dia de aula
foi uma curiosidade enorme pra saber quem eram as pessoas com quem íamos conviver durante 4 anos de nossas vidas, e estudar/fazer teatro é claro. Não via a hora de comungar tempo com essas pessoas, apesar de já ter idéia de quem eram.

A sala era a sala 05 da Escola de Teatro e Dança da UFPa. As cadeiras estavam arrumadas como palco italiano, platéia e público, não muito diferente de uma sala de aula, onde podia se fazer uma confusão etnocenológica, sala de aula? teatro? algo que vai me acompanhar durante a disciplina toda, mas isso comento depois.
A Wlad parecia muito contente esse dia, pediu que desfizessemos a formalidade das cadeiras organizadas a lá italiana e formassemos um círculo. Começou então a explicar um pouco da disciplina e entregou uma apostila com o programa da disciplina para cada um dos alunos, com esquemas do curso e etc. Na apostila havia o currículo artístico e acadêmico da Wlad, um currículo e tanto, invejável, a Wlad é sempre uma pessoa preocupada conosco, isso é ótimo, foi logo dando uns toques e atentando para a formação de um currículo artístico, as habilidades com as quais queremos dialogar quando artistas, que autoridade queremos ter com determinados conhecimentos.

todas as aulas teriam um esquema de funcionamento que incluiam uma experimentação cênica. O exercício do primeiro dia seria a sua apresentação, uma das cadeiras da roda vazia, e você iria se apresentar da forma que você quisesse. O comando era: se pôr em cena.


vou fazer uma tretagem agora aqui, com toda a licença ta formalidade. É um momento em que me permito ser maloquero e ousado como se tivesse que sobreviver na rocinha. Vou colar aqui direto do blog do Paulo a ordem das apresentações com algumas observações dele muito pertinentes. Eu estou consultando ávidamente o blog dele para me relembrar de algumas coisas das aulas.

"Na ordem de idas ao palcadeira, com algumas citações que piscaram pra mim e com alguns comentários (quando apareceram): Renan (disputou o desvirginamento da cadeira com o Icaro e colocou-a no meio da roda); Icaro (trajetória para chegar no curso, reprovação no vestibular, aceitação na turma passada); Carmen (cria do curro); Adhara (17 anos, fazendo teatro no colégio, preocupada em não ser só um grupo de colégio); Kátia (gosto de ser platéia); Caroline (UNIPOP, sei o que aprendi com a Marluce Oliveira); Romário (artes visuais); Eu (trabalho sobrevivência); Rafael (aparente revolta por não viver de teatro. Tem que fazer e acabar o que fez); Leandro (sou satanás. ...se Deus quiser); Walace (cenografia); Ivis (bacharel em biologia, Administração, psicopata, disturbio de atenção); Maira (teatro como terapia); Devison (confuso); Maurício (se não fosse o teatro estaria em má companhia); Felipe (de Cametá. Nunca fez teatro, só viu teatro na semana do calouro); Kayo (meio tímido); Ramon (faço as coisas me entregando para os impulsos. Quero ser minha vitrine); Patrik (Letras/Alemão. Sempre vi as artes me rodeando. Muita coisa do teatro faz parte do cotidiano. Teatro é vida); Patrícia (amo meu nome. Estou com medo de vocês. Católica. Ps.: falou por uns 15 minutos. Segurou todos, ficou totalmente à vontade na cadeira/palco, só falou da sua vida. Ficamos intimos dela); Regiane (grupo cênico do Curro velho); Jean Lion (Gracinha com o seu dedo do pé defeituoso para ganhar a platéia. Foi genérico); Silvano (trabalho com geografia. Teatro é uma mistura, uma trama. Saiam trabalhadores da educação); Markson (trabalhador de teatro. Letras/Alemão); Rose (Prazer em estar aqui)."

No plano de aula, estavam incluidos seminários que teríamos que apresentar sobre textos que a Wlad daria. Cada texto seria apresentado por uma dupla: um expositor do texto e um comentador, que ficaria responsável por linkar o texto com alguma produção teatral local, preferencialmente.

A aula funciona com a nossa participação, foi algo que ficou muito claro, todo assunto em pauta deveria ser debatido, como desdobramentos, dos textos de forma que quanto mais partiparmos mais seria interessante.

Depois a Wlad quis fazer um exercício, pediu quatro pessoas, ficou aquele clima de tensão, joguei o corpo, quase ao mesmo tempo vieram a Rose, o Ives e o Renan Delmont (Ramón Renan Delmont Rivera, como nos batizamos, para ninguem confundir mais nossos nomes). A mestra disse para pensarmos numa frase que tinhamos dito na nossa apresentação na cadeira e assumirmos a nossa posição de dormir e levantariamos no tempo de 1 a 4 dizendo essa frase até assumir uma posição de total desequilíbrio. Brincamos com isso durante um tempo, com os tempos e as formas de dizer, a ordem de como iríamos dizer, juntamos as frases de cada um de maneira diferente, as frases que colamos, quando cheguei em casa colei de maneira diferente:

- "Sobrevivo de teatro" Rosetunãs
- "da qual me orgulho e mergulho" Renan Ramón
- "eu sou um psicopata" Ives Nelson
- "Teatro ou vida? Teatro é vida" Eu

colei:
Teatro ou vida? Teatro é vida, da qual me orgulho e mergulho, eu sou um psicopata, Sobrevivo de teatro.


A Wlad estava certa, juntando nossas frases já podiamos montar algo, cena.


A aula acabou ai, e por aqui me encerro.

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